O Coroinha Expulso do Altar
1953: Igreja de Santo Antonio do Valongo
Naquela época 4 coroinhas ajudavam na reza noturna e cada um tinha uma posição definida. Não sei se éramos nós mesmos que escolhíamos ou se eram os freis: o da direita ficava com uma sineta na mão, o da esquerda não lembro o que fazia. Atrás desses dois um ficava com o turíbulo e o outro com a naveta (recipiente para guardar o incenso).
Certa noite, em uma dessas rezas iria estrear um novo coroinha, do qual não consigo lembrar o nome. Nossa vestimenta era composta de três partes: a batina vermelha, o camisão branco e outra parte em cima pequena, vermelha, cujo nome não lembro e que tinha atrás uma espécie de capucho pendurado.
O novato estava atrás, com o turíbulo e o celebrante era Frei Osmar Dirks, superior do convento.
Eu e um dos outros veteranos dissemos ao calouro que quando fosse executada a bênção principal, o coroinha da direita tocaria o sinete. Esse seria o auge da celebração, o momento mais sublime em que o celebrante fazia um grande sinal da cruz. Nesse ponto ele, o estreante deveria por o capucho na cabeça e balançá-la para cima e para baixo, no ritmo de movimentação do turíbulo.
No momento solene, tudo foi executado fielmente, conforme as orientações recebidas.
Eu comecei a rir como um louco, no altar. Não conseguia conter o riso. Imaginem a situação!…
Frei Osmar ao terminar a bênção, tomou sua posição, quieto e ajoelhado, virou-se para o lado e pediu que me retirasse do altar.
Achei que iria tomar uma tremenda bronca daquelas, mas nunca me falaram nada. Nem Frei Cosme.
Antonio Carlos Fernandes Nunes (Toninho) |