A Galheta (*)
1973: Igreja de Santo Antônio do Valongo
Época em que a falta de coroinhas já era grande
Ademário, com 9 anos, recém recrutado para ajudar nos ofícios religiosos do Valongo, nem bem havia começado o treinamento e já foi escalado para ajudar na que seria sua primeira missa como coroinha. O celebrante: Frei Cosme.
Mainho estava extremamente nervoso. Em meio à celebração, o sacerdote discretamente gesticulou, esperando por algo que não lhe chegava e solicitou sussurrando: “A galheta!”
O problema é que Mainho não tinha a mínima ideia sobre o significado de tal palavra. Atabalhoado, chegou a apresentar ao frei uma pequena toalha, naturalmente rejeitada e empurrada para o lado.
Deu um branco na cabeça do coroinha de primeira missa, em meio à sensação de sentir-se extremamente envergonhado pelo ocorrido.
Não foi repreendido e lembra como ficou profundamente aliviado, quando Frei Cosme, num gesto tipicamente seu, ao fim da missa, na sacristia, com olhar indulgente, lhe passou a mão carinhosamente sobre a cabeça…
(*) GALHETA: Cada um dos dois pequenos vasos que contêm o vinho e a água, usados na celebração da Missa (Dicionário Houaiss).
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Ademário dos Santos Filho (Mainho) |